A lição da solidão
Em meio ao desamparo tudo se faz raso e inócuo, um grande lamento sobre uma longa jornada que se hesita trilhar
Como seguir jornada tendo certo o encontro com os empecilhos, sem ter a mesma certeza sobre o acolhimento esperado?
Como firmar os pés no chão, manter o cenho rente, se não há certeza de que se houver queda haverá cura?
Como desbravar o mar que de certo vira, sem a certeza que o barco não virará?
Como não se perder, se ao subir no galho mais alto da mais antiga árvore, só se encontra uma imensidão verde que num estalar de dedos não representa mais a esperança?
Como conter o desespero no deserto de sol a pino ao chegar num oasis que não é nada além de miragem?
É como o choro da criança que não cessa pois não há colo para se aconchegar
não há calor para se apegar
Triste lamento de sozinho findar,
que berra ao se encontrar
com o desespero que já se apresenta tão cedo para logo educar.
A solidão é uma rígida professora que cedo vem nos mostrar a beleza do trilhar só. Que precisamos ser capazes de andar, se curar, nadar, se orientar, se proteger e perseverar. Cedo ela vem mostrar que não adianta espernear, de nada adianta lamentar e murmurar.
Que o choro nos serve de alimento solar, que nos guiará e consolará até que o próximo encontro tornará tudo ilusoriamente estável e aconchegante.
Ela nos ensina a aproveitar cada instante dessa grande ilusão que é o junto estar. Vem lecionar a como nos preencher dessa vitalidade compartilhada, que em breve choro se tornará, e que com ele possamos no futuro nos encontrar e nos consolar.
Que cada gota seja a memória do encontro já passado que veio nos ensinar.
Seguir firme em solidão é a dicotomia do estar, que em contraponto com o ser, precisa do outro para se firmar.