Um cartaz escrito "Vamos sonhar juntos" com um cofrinho em formato de casa do TETO azul

A COLETA que arrecadou meu coração voluntário

Felix Ribeiro
4 min readMar 7, 2021

Minha história com o TETO começa com a COLETA, e acredito que por isso ele é um evento tão especial para mim!

Em 2016 eu recebi um link como este para o site da COLETA por um amigo do trabalho, que estava me convidando para ir com ele nesse evento. Este meu amigo sabia que eu estava querendo começar algum tipo de trabalho social neste ano, eu só não sabia ainda o quê!

Muito cético e desconfiado, fui procurar quem era esse tal de TETO no google:

  • “TETO ONG escândalos”
  • “TETO transparência orçamentaria”
  • “TETO desvios financeiros”

E não achei nada que confirmasse minha desconfiança — ao contrário, comecei a ler artigos, ver fotos e relatos muito interessantes! Minha curiosidade se atiçou ai e decidi participar desse evento chamado COLETA. Parecia um bom evento pra conhecer um pouco melhor a organização por dentro.

Me inscrevi e começaram a chegar informações sobre capacitações e eventos de preparação para os dias da COLETA, como a pintura de cartazes e confecção dos cofrinhos! Eu e meus 2 amigues fomos juntos para pintar cartazes no escritório, um pouco envergonhados por chegar lá e não conhecer ninguém — pois parecia que todo mundo já se conhecia há anos! Ao mesmo tempo que um pouco deslocado, me sentia fortemente acolhido — a energia que brotava no escritório, com toda a falação e expectativas sobre os trabalhos começaram a me contagiar! Todo mundo ali parecia realmente muito comprometido com o que estava fazendo!

Foi chegando o dia do evento em si, nas ruas e eu tinha me inscrito para uma esquina próximo a minha casa na época, em Copacabana, na esquina da Miguel Lemos com a Praia! Meu turno era o da manhã e eu tinha acordado atrasado, pensei que não poderia chegar mais lá, mas quando abri meu WhatsApp li as mensagem da líder de esquina chamando o pessoal, falando que não tinha problema chegar depois! Me arrumei e fui pra rua!

Chegando lá animado para ver o que aconteceria, fui muito bem recebido pela liderança da esquina, a Ellen e o Mazzei que repassaram a capacitação e me orientaram em como seguir o dia! Estava um sábado de sol em Copacabana! A praia movimentada e a energia da esquina estava contagiante! Muita animação e já eu estava no mesmo clima! Repassando a mensagem do TETO, colhendo doações e comemorando a cada dinheiro que cai no “COFRINHOOOO!!!”. Quando a energia baixava a gente se juntava e puxava nosso grito de guerra: 1…2…3… VAI COLETA!!! Eu fiquei muito impactado com todo empenho e energia de todo mundo naquele propósito, era bonito de se ver e estar fazendo parte daquilo! Porém, meu ceticismo e desconfiança ainda rondavam minha cabeça até que uma cena em geral corriqueira no RJ ocorreu, porém com uma intervenção que tenho certeza ter tido um grande peso para que eu esteja até hoje na organização.

Uns 3 pré-adolescentes estavam passeando pela orla e foram parados por uma grupo de policiais militares. Infelizmente se faz necessário dizer que eram pré-adolescentes negros e sem camisa, desfrutando de um dia de sol na praia, para que o recorte e a imagem se pinte de maneira adequada… Os policiais começaram com um grau de truculência desmedida questionar o porquê eles estavam ali. Aquela cena começou a me incomodar e no mesmo instante vejo a Ellen se aproximar da cena e perguntar aos policiais o que estava ocorrendo. O policial falou que eles estavam sem camisa e sem documento, que levaria eles na viatura para a delegacia. Ela argumentou que estava um dia de sol, que ela cansara de andar sem documento e que a coisa mais comum no RJ era andar sem camisa na orla da praia… Os policiais insistiram e então a Ellen tomou uma atitude, chamou o Mazzei, tirou a camisa do TETO e disse para os policiais: Então eu vou junto com eles como responsável! Acabou que os policiais desistiram de levar os garotos e foram embora. Qual seria a real intenção ao leva-los?!

O que eu sei é que tudo isso foi feito sem fazer muito alarde. Ellen parecia muito confortável em fazer seu papel de cidadã. Isso me chamou mais atenção ainda. Ela havia tirado a camisa do TETO para se dispor a ir com os polícias. Ela fazia aquilo porque achava correto a ser feito. E organizações são feitas de pessoas — e parecia que essas pessoas valiam a pena se aproximar e ver o que estavam construindo juntas!

No decorrer do dia, Ellen me convidou para um “pequeno dia de apresentações sobre as áreas do escritório do TETO” que seria na semana que vem! Bem despretensiosa, ela estava me convidando para a feira de voluntariado — o momento onde a sede recruta mais voluntários permanentes. E assim eu começava minha jornada de quase 4 anos enquanto voluntário permanente e até hoje enquanto voluntário pontual! Trabalhando sempre da maneira que posso para que a gente busque uma sociedade mais igualitária, justa e sem pobreza — lado a lado com as favelas e comunidades mais vulneráveis deste país, que a cada vez se acentua mais em desigualdade — especialmente agora nesses tempos de pandemia!

E agora se faz mais urgente que nunca, todos que possam estar juntos divulgando essa realidade, divulgando os trabalhos das comunidades junto com o TETO e arrecadando fundos para que os projetos não parem! E ai, vamos começar essa jornada?

1…2…3 VAI COLETA!

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Felix Ribeiro

Um realista esperançoso que teima em acreditar que o potencial coletivo tem poder para mudar o mundo